domingo, 27 de maio de 2012

O HUGO



Um dia o Hugo desapareceu de casa… ele já ameaçara: “Quando fizer 18 anos “bazo”… e assim fez!
O Hugo era um menino que eu conhecera aos 7 anos de idade numa instituição de acolhimento de crianças vítimas de abandono e maus-tratos. Demasiado pequeno para a idade, franzino e doente, os seus olhos, grandes e assustados, reflectiam todo o drama da sua curta e sofrida existência. Pela mãe havia sido abandonado numa Pensão do Cais do Sodré. A polícia chamada ao local, levara-o e encaminhara-o para um centro de acolhimento de crianças em risco. De saúde frágil, passou grande parte da sua meninice entre hospitais, lares e casas de familiares ausentes, nos afectos e nos carinhos. De novo entregue à família, de novo seviciado e violentado… o regresso à casa que o acolhera. Este ciclo de dor e sofrimento haveria de se repetir vezes sem conta… A sua história comoveu-me. Por aquela criança apaixonei-me e haveria de seguir as suas pisadas até hoje…
Nos estereótipos técnicos o Hugo foi taxado como “comportamento desviante e problemático”… Na verdade ele era um jovem abandonado da sorte. Um “desamado”. Eu sempre vira nele uma espécie de clandestino da vida, alguém que iria passar toda a sua existência na fila de espera e que morreria antes de chegar ao guichet de atendimento.
Mas o Hugo desaparecera… e durante anos não soube dele…
 Até que um dia, quis a sorte ou o acaso do destino, que me encaminhasse para um albergue dos “sem-abrigo” em Lisboa. E lá reencontrei o Hugo… faces macilentas, os mesmos olhos assustadiços, baços, já sem o brilho de outrora, o rosto de menino ainda, mas terrivelmente marcado pela vida, pelo vicio, pelo sofrimento. Um rosto igual a tantos outros que lá arrastam a sua existência…. Sem conseguirem chegar ao tal guichet do atendimento…
Hoje o Hugo, quase vinte anos volvidos, desde o nosso primeiro encontro, continua a viver, clandestinamente,  a sua vida dentro de instituições de recuperação de jovens de “comportamento desviante e problemático”… atrás de grades de prisões longínquas e miseráveis e eu dou comigo a pensar - a saudade a roer-me alma -  e a perguntar porque razão os “Hugos” deste mundo, os deserdados da fortuna, os clandestinos da sorte, terão que ser, necessariamente, os Filhos de um Deus Menor…

quinta-feira, 17 de maio de 2012

IIFESTA DA FLOR DE LISBOA - INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA


No passado fim de semana decorreu, no Pavilhão de Exposições do Instituto Superior de Agronomia, a II Festa da Flor de Lisboa, numa organização da Universidade Técnica de Lisboa.
As imagens...



EU AMO ESTE LUGAR!

domingo, 13 de maio de 2012

UM DIA NO "CANTINHO DAS AROMÁTICAS" - GAIA

Um pouco de História -
O Cantinho das Aromáticas é uma pequena empresa agrícola situada no coração caótico da cidade de Vila Nova de Gaia.
Quando transpomos o velho portão de ferro forjado, temos a sensação de havermos entrado numa espécie de oásis. Todo este espaço - cerca de 1 hectare - não é mais do que resta de uma velha quinta senhorial que data do séc.XVI - a Quinta do Paço, ainda hoje na posse da mesma família.
Situada da Rua de Meiral, que já foi do Moiral, resquícios de velhas rivalidades com os "mouros" do Sul... a sua principal aptidão é a produção de PAMC - Plantas Aromáticas, Medicinais e Condimentares. bem como espécies vegetais espontâneas da flora Ibérica, em modo de produção biológico. .
Fundada em 2002, gerida pelo Eng. Agrónomo Luis Alves - um homem apaixonado por plantas aromáticas - é a primeira e única empresa do género em Portugal. Neste momento dispõe de 150 espécies de plantas de variedades distintas para venda e deleite dos apaixonados. Vale a pena a visita!
A Associação dos Amigos do Jardim Botânico da Ajuda - AAJBA - da qual Luís Alves é formador dos Cursos de Jardinagem, associou-se à efeméride e foi de passeio até lá.
 As imagens...
UMA LIÇÃO DE MESTRE...
BIODIVERSIDADE
E O BETÃO DE GAIA CERCA O CANTINHO DAS AROMÁTICAS

ZIMBRO (uma espécie protegida)

ABRUNHOS BRAVOS - depois de maduros vão ser alimento dos pássaros que, pressionados pela expansão urbanística caótica de Gaia, encontram nesta quinta o ultimo refúgio.
A MITOLÓGICA FLOR DE LIZ
RUIBARDO GIGANTE - Esta folha tem, seguramente, 1 metro de diametro
A MAIOR PLANTAÇÃO DE LUCIA-LIMA (LIMONETE) DA EUROPA, NO CENTRO DA CIDADE DE GAIA...
EQUINÁCIA - Na folha que encobre parcialmente a flor pode ver-se uma joaninha, absolutamente fundamental na eliminação de pulgões de que se alimenta.
POMBAL SECULAR - MEMÓRIAS DA OCUPAÇÃO ÁRABE

SEGURELHA
SALVA
ALCACHOFRA GIGANTE
TOMILHO-LIMÃO

 

domingo, 6 de maio de 2012

MÃE - Memórias de um tempo breve


MÃE...


Nunca esqueças o quanto te amei e amo! 
Nem mesmo quando exalar o meu ultimo suspiro...
Murmurarei o teu nome.
Partiste cedo demais e eu nada pude fazer para o evitar.
Memórias de um tempo breve.
Sinto que flutuas, invisível, em redor dos que amaste e amas. Junto de mim...
Mãe...
Estou frágil...
Sinto a falta do teu carinho,  do teu afago. Daquele teu jeito tão especial de dizer: "João, meu filho..."
Caminho no interior da tua ausência, em momentos de um frio tão cortante, tão vazios, momentos em que o começo de uma nova Primavera parece um sonho distante.
Mas sei, minha Mãe...
... que o tempo rola, os anos passam , as estações mudam.
E tu farás descer sobre mim um grande tranquilidade e, apesar dos bem conhecidos passos não mais voltarem a soar, nem a voz que chamava da sala ao lado - "És tu filho?" - se ouvir, vai surgir uma atmosfera de amor como que uma presença viva.